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terça-feira, 24 de junho de 2014

The Americans - Segunda Temporada


A segunda temporada de “The Americans” levou os agentes infiltrados da KGB nos Estados Unidos, Elizabeth e Phillip Jenning, a situações que nunca haviam imaginado. Mesmo cientes de todos os riscos que assumiram ao viver disfarçados no país do inimigo, os agentes não puderam deixar de evitar o lado pessoal em suas missões. A série possui uma carga dramática bastante sólida e nos brinda com referencias históricas que não estão ali apenas para contextualização, mas acabam fazendo parte da trama da série. 


A história principal desta temporada girou em torno do assassinato dos agentes da KGB, Emmett e Leanne Connors, que junto com a filha, foram encontrados mortos num quarto de hotel. O casal de agentes era bem próximo de Elizabeth e Phillip que assumiram uma missão pessoal em descobrir quem foi o responsável pelas mortes. Os Jennings ainda contam com a ajuda de Claudia que os coloca em contato com Andrew Larrick, ex-operações especiais no Vietnã. Larrick era o contato de Emmett e Leanne que o chantageavam por ser homossexual. 

Paralelo a missão junto a Larrick, Phillip e Elizabeth também recebem ordens para interceptar qualquer informação sobre tecnologias que os Estados Unidos estejam desenvolvendo para ajudá-los durante a Guerra Fria. Aí que a série “The Americans” também brilha. A segunda temporada foca a disputa tecnológica entre os dois países, fato marcante da Guerra Fria. Sabemos quando estudamos o período da bipolarização do mundo entre EUA e URSS, que essas duas potencias travavam várias disputas no setor bélico, econômico e tecnológico. A série destaca bastante nisso ao mostrar Phillip tendo que invadir escritórios americanos para pegar informações sobre a Arpanet e sobre a tecnologia stealth. 


Em termos de referencias históricas, é importante salientar que foi neste período que se desenvolveu o projeto denominado “Iniciativa de Defesa Estratégica”, onde tinha-se a ideia de criar um escudo espacial contra mísseis lançados de qualquer parte do planeta ou até mesmo por seres extraterrestres! O projeto do presidente Reagan ficou conhecido como “Guerra nas Estrelas”, mas o projeto por ser caro demais e inviável logo foi deixado de lado. 

Ainda no contexto da disputa tecnológica, um novo personagem é inserido nesta temporada e ele é responsável pela divisão de tecnologia da Rizendatura, Oleg Burov. Este novo personagem também acaba se envolvendo na trama com Nina Sergeevna e Stan Beeman que correspondem ao merecido destaque que tiveram nesta temporada. 

A cada novo episódio, “The Americans” trazia elementos e várias referencias históricas para contextualizá-la – os fatos históricos estão destacados logo abaixo. Seja citando filmes ou músicas, a série consegue recriar o momento histórico dos anos 80 nos Estados Unidos e passa a tensão típica dos programas de espionagem. 

Para finalizar este breve review sobre a segunda temporada quero lembrar que a série é positiva ao balancear os personagens americanos e russos, não os demoniza nem os santifica. Mocinhos e vilões se confundem a todo tempo e tudo parece valer a pena para obtenção do resultado final. Os envolvidos na série acertaram em cheio em manter os diálogos dos funcionários da Rizendatura em russo – acho muito feio quando personagens estrangeiros tem que falar inglês para não se usar da legenda. "The Americans" já foi renovada para a sua terceira temporada que promete mudanças em praticamente todos os personagens já que todos acabam se envolvendo na disputa travada entre EUA e URSS. 

Confira os fatos históricos em destaque nos episódios da segunda temporada de “The Americans”. 

2x01: Comrades 
Neste episódio, Phillip elimina contatos dos americanos com o Afeganistão. A União Soviética invadiu o Afeganistão em 1979 e gerou um conflito de nove anos. A URSS apoiava o governo afegão enquanto os EUA, o Paquistão e outros países muçulmanos apoiavam os rebeldes. 

Exército soviético no Afeganistão
2x02: Cardinal 
"CARDINAL" faz referência a dois acontecimentos importante da década de 1980, a revolução Sandinista na Nicarágua e a invasão israelense à península do Sinai. Revolução Sandinista ou Revolução Nicaraguense foi o movimento iniciado em 1978 e que se estendeu até 1990, e visava uma reforma radical das instituições da Nicarágua. Era um movimento capitaneado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional, FSLN, fundada em 1962. O nome "sandinista" faz referência ao mítico líder Augusto César Sandino (1895-1934), antigo líder da resistência ante à ocupação pelos EUA da Nicarágua, que durou de 1912 a 1933. Com a saída dos EUA do país, um novo presidente é eleito, porém, logo derrubado pelo primeiro membro da dinastia ditatorial Somoza, que, logo após, assassinará o lider Sandino. É assim, que em sua memória nasce o movimento sandinista, que curiosamente não tinha grande ligação com o Partido Comunista da Nicarágua, apesar de objetivos muito semelhantes. Ocupação israelense na Península do Sinai. A Península do Sinai foi ocupada pelos israelenses durante a Guerra dos Seis Dias em 1967. Israel entrou em conflito contra os países árabes e durante seis dias impôs sua superioridade militar ocupando todo o Sinai, a Cisjordânia, a parte oriental de Jerusalém e as Colinas de Golã, na Síria. O Sinai ficou ocupado por Israel até 1982 quando foi devolvida ao Egito. 

Cartaz de propaganda sandinista
2x04: A Little Night Music 
O que Elizabeth demonstra em relação a religião cristã, faz parte do pensamento comunista de que as religiões são o “ópio do povo”, pensamento desenvolvido por Karl Marx que afirmava que todas as religiões e organizações religiosas tratavam-se de órgãos de reação burguesa para explorar a classe trabalhadora. A União Soviética foi o primeiro estado a objetivar a eliminação completa da religião e substituí-la pelo ateísmo universal. Mesmo tendo confiscado bens religiosos baseando na ilegalidade do acúmulo de riquezas, os principais cultos resistiram e foram até tolerados pelo regime comunista, mas eram desencorajados e colocados dentro de limites restritos. 

A Catedral de Cristo Salvador de Moscou antes de ser demolida pelas autoridades soviéticas em 1931 para a construção do Palácio dos Sovietes. O palácio nunca foi finalizado e a catedral foi reconstruída em 2000.
2x05: The Deal 
ARPANet é um acrônimo de Advanced Research Projects Agency Network (ARPANet) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, foi a primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, e o precursor da Internet. Essa tecnologia foi desenvolvida pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria com o objetivo de ter uma rede de comunicações que não os deixassem vulneráveis no caso da União Soviética atacar o Pentágono. Atualmente, a ARPANet divide-se em MILNET – para assuntos militares – e o restante da rede fica disponível para o publico tendo seu nome alterado para Internet. 

Arpanet

2x08: New Car 
Na TV, Elizabeth vê um discurso do presidente Ronald Reagan que promete investir ainda mais em defesa. Como o documento que Stan recebeu neste episódio é datado em 1982, podemos afirmar que trata-se do primeiro mandato do presidente (1981-1985). Durante esse período, Reagan promoveu uma nova escalada a Guerra Fria: primeiramente retirou o relaxamento existente com a União Soviética, provocou uma larga expansão das Forças Armadas dos Estados Unidos, trouxe de volta o programa Rockwell B-1 Lancer - um bombardeiro estratégico norte-americano, lança a produção de novos misseis e em resposta a implantação de mísseis soviéticos SS-20, supervisiona a implantação de misseis da OTAN na Alemanha Ocidental. 

Ronald Reagan
2x10: Yousaf 
Neste episódio, Kate fala sobre a delegação paquistanesa que chega a Washington para participar de uma reunião secreta. A desconfiança de Kate tem sua razão. O Paquistão foi um dus principais aliados dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. 

2x11: Stealth 
Stealth: tecnologia que tem por objetivo tornar invisíveis aviões, navios e mísseis. 

2x13: Echo 

Neste episódio, Paige junta-se ao grupo da igreja para protestar contra as armas nucleares. Aqui destaca-se mais um elemento da Guerra Fria: a corrida armamentista. Tanto EUA quanto URSS investiam e desenvolviam tecnologias para serem empregadas em novas armas, o poderia nuclear faz parte desse desenvolvimento. O medo de uma guerra nuclear foi real durante a Guerra Fria e havia protestos tantos nos Estados Unidos como na Europa contra a escalada armamentista. Os movimentos pacifistas ganharam força tanto na década de 60 quanto 80, mas o mundo parecia se armar cada vez mais. Nos anos 80, Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha, França e China anunciaram que possuíam a bomba atômica, enquanto Índia, Paquistão, Israel, Brasil, Argentina, Ira, Iraque e África do Sul investiam na energia nuclear. 


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